sexta-feira, fevereiro 18, 2011

O ponto de quebra

"Tenho aqui a justificação que trouxe da consulta médica, dou-a a si ou entrego-a nos Recursos Humanos?"
pausa... olhar pretensamente indiferente e distraído ... e depois...
"ahh... não sei ... o "meu pessoal" não vai a consultas nem médicos ..."
surpresa ....
"bom, eu não sei sobre o resto das pessoas mas eu tenho de controlar os meus diabetes e ser seguida regularmente"

....
noutro sitio do planeta....

Uma mulher prepara-se para sair uma hora depois do horário regular, são sete da tarde, vai ainda tentar buscar um dos filhos ... à saída o chefe interpela-a...
"então vai tirar a tarde livre?"

noutro local do sistema solar ...

"Então tem aí o relatório que lhe pedi?"
"Não chefe este fim de semana não tive hipótese. O miúdo adoeceu e passámos quase todo o sábado no hospital e depois sabe como é no domingo a mãe ficou a cuidar dele e eu tive de levar a garota às aulas de natação..."
"Isso é muito mau. E inconveniente. Agora tenho de aparecer ao director e justificar-me e sabe como ele detesta estes atrasos. E eu também."

Um dia esta gente que aguenta, come, cala, suporta, engole, morde os lábios, quebra. E quebra por dentro. Quebra contra si mesma. E aqueles pequenos e médios e medíocres ditadores locais que participam nesta dança um dia quebram porque chega a sua vez.

E quebrar este círculo vicioso é bem mais fácil que parece.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

hoje provavelmente dei a melhor aula da minha vida

e o que mais me contenta é que tenho a impressão de ter tocado a alma de dois ou três alunos(as) ...

foi o mais perto que estive, na minha existência, da magia, por um instante caminhei no cosmos...

há dias em que vale a pena estar vivo

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Hoje

o meu pai faria 80 anos. O que eu dava para poder estar com ele e para ele poder ver os netos em que florescem os valores que lhe eram tão queridos. Ou só para ele poder contar pela enésima vez uma qualquer história em que nos escancarávamos todos a rir. Ou só para estarmos. Porra que a dor nunca passa.