Ainda hoje um amigo meu me chamou a atenção para as classes na nossa sociedade e para a fraca mobilidade social. Existem, para mim, pelo menos duas classes. Uma que parece estar vacinada à partida e por definição. Estas pessoas por natureza e com naturalidade circulam entre ocupações e postos independentemente da sua competência ou vocação. Estas pessoas possuem uma espécie de direito natural a ganhar uma remuneração pela simples razão que existem e ocupam espaço físico e temporal. Reajem muito mal às manifestações de terceiros pela mesma sinecura que parecem possuir sem necessidade de justificação.
Ainda esta semana fui muito desagradavelmente surpreendido por uma destas criaturas. Aparentemente, eu, membro inequívoco da outra classe, a que tem de se penitenciar e pedir desculpa por existir e por usufruir de um income em troco do seu trabalho, portanto uma classe que tem de expiar uma "culpa cristã" sem hipótese de redenção, fui amavelmente aconselhado a sacrificar-me pela "Instituição" em que ocasionalmente a criatura desempenha magnificas funções. Mais, estaria eu em débito irresolúvel e perene por a "Instituição" me ter "aceite de volta" quando há algum tempo eu miseravelmente trai a "confiança" depositada em mim e saí. O facto de por defeito ou por mérito ficar sempre entre os melhores avaliados na bendita "instituição" de ter um passado na dita, parece não contar. O tempo é, assim, sempre o presente e o potencial no futuro. Mas, para a outra classe, a das criaturas, nem sequer existe essa dimensão de tempo. São imortais. São verdadeiros titãs e seres arcanos. Na feira de carcavelos podem-se comprar em bonequinhos. Sem classe nenhuma.
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1 comentário:
Direito Divino, existem, consomem e defecam por direito divino.
Ainda bem que sou ateu.
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