terça-feira, março 22, 2011

Manifesto Irrealista por um País Respirável e quiçá Decente

Nesta hora em que se aproxima mais uma escolha daqueles que nos vão lixar o futuro a troco de notoriedade, de empregos porreiros no day after, mais uma volta no carrossel, permitam-me pelo menos que grite, com compostura e procurando não incomodar ninguém em particular, o meu nojo por tudo isto. Isto sendo a situação para a qual por omissão também contribuí. 


Mas desta vez eu não me vou calar. Eu quero olhar os meus filhos nos olhos podendo dizer-lhes que me ergui da dormência e do comodismo e do torpor. Que pelo menos gritei contra este estado insuportável de coisas. 


1. Quero um país em que as pessoas sejam tratadas com com consideração, urbanidade e dignidade que são direitos naturais e básicos dos cidadãos, independentemente do seu género, raça, credo, orientação sexual, filiação política, idade, opções clubísticas, posição social e nível de habilitações literárias;


2. Um país em que se faça o máximo para que todos tenham à partida condições semelhantes e que depois progridam apenas com base no mérito, competência e esforço honesto


3. Um país em que  cunhas, feudos, compadrios, injustiças, nepotismos, discriminações, negligências e falta de profissionalismo sejam censuradas e punidas sem piedade e sem o beneplácito corporativo e cúmplice de ordens  de associações de amigos de "no fundo é boa pessoa" "amigo do seu amigo"... 


4. Um país em que não se aceite como argumento desculpablizador a evidência estatística que todos fazem qualquer coisa de negligente, de ilegal, de laxista, de trafulhice, ou que explorar lacunas das normas e das leis é uma coisa habitual normal e louvável


5. Um país em que não se atribuam culpas a terceiros por coisas que estavam sob  a nossa alçada e responsabilidade, e em que as pessoas não se apropriem do mérito de terceiros como vulgares proxenetas 


6. Um país em que as crianças no ensino básico (e nos restantes)  não sejam denominadas de "arguidos" em "processos" disciplinares, em que os pais sejam chamados à responsabilidade e em que para professores vão apenas aqueles com efectiva vocação, em que as crianças sejam tratadas com disciplina, mas desafiadas e estimuladas em lugar de compactadas na mais opressiva dormência e paternalismo tentando infatilizá-las e torná-las nuns idiotas sem capacidade crítica através de repetições infindáveis de coisas tão básicas que os miúdos sentem o cérebro a mirrar apenas porque as disciplinas foram criadas para empregar gente que devia procurar emprego noutro sítio 


7. Um país em que não se subsidiem as intenções mas os resultados, não se subsidiem os "amigos" e "contribuintes" para o "partido", mas o sucesso, a criação de emprego digno e o respeito pelo meio ambiente,  a criação de produtos inovadores de qualidade e que respeitem os consumidores e que tentem atingir mercados amplos, um país em que o Estado não represente sete sextos da vida, e em que alguém que inicie uma actividade não seja imediatamente expulso com pedidos de luvas e chantageado com contribuições para o partido...


8. Um país em que a lei seja apenas ....aplicada....


9. Um país em que alguém que aceite ou solicite ou dê luvas, um suborno, uma prenda, uma compensação pelo cumprimento do seu dever seja tratado como um bacilo de Koch


10. Um país em que ao lado do indispensável sucesso económico seja mais valorizada a cultura a capacidade de escolha crítica de discussão e participação cívica 


11. Um país que agradeça aos seus velhos o esforço que expenderam independentemente da notoriedade da contribuição e que os ampare na velhice com a dignidade que antigamente se atribuía aos anciãos, procurando que essa seja a idade de ouro






2 comentários:

Central de serviços disse...

Esse país já existe. Chama-se suécia.

PAULA JOYCE disse...

assino por baixo.