O imposto sobre a gordura o sal e o açúcar parece que será uma má ideia porque as populações mais pobres recorrem a esse tipo de dieta alimentar porque a fast food é a food available. (Não que as saladas regulamentadas normalizadas sejam muito melhores. Pelo menos no paladar. Um pepino, tomate, alface, courgette, pimento standartizado, em peso, aspecto e tamanho habitualmente não sabe a grande coisa e tenho cá para mim que tudo em "blind test" baralharia as pessoas e talvez acabassem por confundir um pimento com um alho francês. Mas, enfim, sempre geram menos gordura, menos AVC's, enfartes e menos cancro nos intestinos.) Não deixa de ser curioso que a solução seja taxar, mais uma vez os pobres e os que dependem ou estão viciados naquelas porcarias. Tal como no caso do tabaco nunca se colocou em questão proibir pura e simplesmente o fabrico e distribuição do produto. Quiçá pelo exemplo da lei Seca e da droga que apesar de proibida circula sem grande impedimento. A proibição parece ineficaz e faz apenas subir o preço no contrabando. Não sei. A eficácia do combate à droga por vezes está dependente de variáveis exógenas. Eufemismo para as moedas de troca na política. Eufemismo que vem encapotado da hipocrisia da "liberdade de escolha" no caso do tabaco pelo menos e que seria argumento essencial no caso da fast food.
A proibição do tabaco talvez gerasse uma indústria subterrânea ou talvez não. A proibição da comida que nos conduz tranquilamente à obstrução das coronárias talvez gerasse uma controvérsia grande ou talvez não. Em todo o caso é uma hipótese meramente académica. Em qualquer caso, enfrentar os lobbies das e as multinacionais do "sector" é coisa que não passa pela cabeça dos empregados de mesa que nos governam.
Porque o que está em causa aqui como noutras circunstâncias é a natureza do contrato social que estabelecemos e, em nome do qual continuamos a eleger "our betters" para que decidam em nome do bem comum. A corrupção desta noção tem avançado a passos largos. O interesse dos lucros de alguns sobrepõe-se amiúde, para não dizer sempre, ao interesse geral. O grave é que além da idiotice de comermos porcarias e nunca questionarmos de onde provêm a porcaria que nos dão a comer nos distanciamos cada vez mais de perguntar como foi possível chegar à sobreposição do interesse particular ao interesse geral. Os proxenetas dos bónus agradecem-nos.
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1 comentário:
O conceito de bem comum "vareia". Já a de interesse geral é difusa e acaba sempre por se consubstanciar no interesse dos diretamente interessados.
(este texto obedece às normas do acordo ortográfico em vigor em Portugal e no Alentejo).
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