sexta-feira, fevereiro 16, 2007

A propósito

da onda de excitação que invade uma certa, ou melhor, certos extractos da intelligentsia lusa, à esquerda ou à direita com a eleição de figurantes das peças de teatro já executadas, também tenho um pequeno contibuto. Não que seja especialista na coisa. Nem por sombras. E fico mesmo quase constrangido perante gente que deve ter lido o Pascoaes, mais o Pessoa, o Vieira, o Mattoso, o Lourenço, o Cortesão, o António José, ou pelo menos a monografia do Miguel Real.
Eu confesso desde já que dei uma vista de olhos. Mas foi de vistas curtas. E, estou seguro, que deve haver aqueles que foram ainda mais dentro da problemática e tem o António Quadros e o Pinharanda Gomes. Eu, por mim, já saber enunciar estes heróis do Joachim dei Fiori é um monumental achievment.
Mas regressando ao Salazar. Parece que o homem teve inúmeras virtudes e pairou acima da carne do pecado e da tentação. Quase um santo, que nos deixou largamente abastecidos de poupanças, economias de uma vida de asceta que impôs com grande gosto aos demais sem cuidar de lhes escutar preferências ou opiniões. Foi, isso é certo, um grande gestor das invejazinhas entre os industriais e banqueiros. Esse mérito ninguém o pode retirar. Dividir para reinar é um truque de prestigitador bastante conhecido qualquer manual de estratégia do it youself nos diz isso. Mas entre o enunciar e o fazer há um mundo de obstáculos. Que o nosso herói foi ultrapassando até à malograda queda e metafórica cadeira. O nosso herói foi um magnifico gestor da adrenalina nacional, da seiva da lusitaniedade, a invejazinha que nos corrói. Sempre desejámos ao "outro" que amouchasse com o focinho no chão como nós. E isso parece que o psicólogo Salazar compreendeu muito bem. Tanto melhor. Venham mais beatos como ele. Mantenham o aeroporto aberto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Essa é que não ... "Parece que o homem teve inúmeras virtudes e pairou acima da carne do pecado e da tentação."
Adorei : "O nosso herói foi um magnifico gestor da adrenalina nacional, da seiva da lusitaniedade, a invejazinha que nos corrói. Sempre desejámos ao "outro" que amouchasse com o focinho no chão como nós. "
Esta nunca entendi: ", que nos deixou largamente abastecidos de poupanças,"
Porrinha para o homem e para os seus sucessores ...

Guilherme Roesler disse...

Kropotkine,

bom texto.

Abraços, Guilherme

heidy disse...

De tudo, fixei um nome: Miguel Real. Tenho a honra de ter sido aluna dele. Um grande homem. Um grande professor. Sim, sou fã. Se existem no futebol e afins, também devem existir noutras areas. Digo eu.

Quanto ao resto... meu caro, mudam-se os ventos, mudam-se as vontades e continua exactamente tudo na mesma. Só se alteraram as caras. Roupas. Penteados. Até se modificam dentaduras... é o que dizem as más linguas. lol :p