eu confesso que nestes tempos pós modernos relativistas fico fascinado pelo uso de determinados substantivos, adjectivos e adverbios que "entram" em uso sem que sejam objecto de escrutínio adequado sobre o seu significado e sobre o uso sintático apropriado. Estou aqui numa aula em que os alunos falam de uma palavra na moda. A "sustentabilidade" é uma das palavras sacro santas neste tempo.
Um dos argumentos é o da poupança energética e preservação dos recursos naturais. Mas com o preço do petróleo e da electricidade em escalada que outra alternativa existe senão gerar e procurar poupanças? O argumento do meio ambiente nomeadamente da qualidade do ar. Mas com o ar que respiramos, ide a Pequim... que alternativa senão melhorar o ar senão morremos todos com cancro nos pulmões? E o argumento da substituição do plástico por papel? E a redução de custos porque plástico é petróleo...
E a desmaterialização das facturas e comunicações dos Bancos e Utilities que manda por mail com assinatura digital a conta para pagar que o cliente imprime por conta dele....
E o argumento de que a retórica é pop e cool e permite fornecer bons argumentos de venda que funcionam junto de algumas tribos mais "concerned".
Claro que isto é tudo cinismo meu.
quarta-feira, janeiro 26, 2011
quinta-feira, janeiro 13, 2011
Acostumamo-nos às tragédias
Terramotos, cheias, fogos, deslizamentos de terras, enxurradas, tsunamis. Parecem eventos quotidianos. De tal modo que ainda não exclamámos a nossa surpresa e lamento pelas vítimas de uma qualquer catástrofe na Austrália, eis que o Brasil nos manda péssimas notícias, que rapidamente são ultrapassadas por outro terramoto que faz notícia pela violência e número de mortos. E vamos ficando insensíveis. É apenas mais um episódio na longa história dos desafios à resistência humana. Entretanto as vítimas vão ficando esquecidas, como no Haiti, onde a desgraça se prolonga até se tornar um hábito. Uma "normalidade". Ao fim ao cabo não foi connosco. Nunca é connosco. Até ao dia.
Nestes momentos revela-se o melhor e o pior de nós. Há uns anos, em plena época de incêndios, andei pelo país com uns bombeiros. No Gavião fiquei impressionado por chefes de bombeiros que choravam, um bombeiro que gritava a sua raiva porque ao mesmo tempo que tentava em vão salvar uma casa e era acusado de inépcia por uma turba impotente, ululante e em busca de um bode expiatório à mão, a sua própria casa era consumida pelas chamas. Horas depois apareciam negociantes de forragens e rações para "ajudar" a alimentar o gado que ficara sem pastagens. O preço por grama "oferecido" era semelhante ao do quilo de garoupa.
Nestes momentos revela-se o melhor e o pior de nós. Há uns anos, em plena época de incêndios, andei pelo país com uns bombeiros. No Gavião fiquei impressionado por chefes de bombeiros que choravam, um bombeiro que gritava a sua raiva porque ao mesmo tempo que tentava em vão salvar uma casa e era acusado de inépcia por uma turba impotente, ululante e em busca de um bode expiatório à mão, a sua própria casa era consumida pelas chamas. Horas depois apareciam negociantes de forragens e rações para "ajudar" a alimentar o gado que ficara sem pastagens. O preço por grama "oferecido" era semelhante ao do quilo de garoupa.
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