Terramotos, cheias, fogos, deslizamentos de terras, enxurradas, tsunamis. Parecem eventos quotidianos. De tal modo que ainda não exclamámos a nossa surpresa e lamento pelas vítimas de uma qualquer catástrofe na Austrália, eis que o Brasil nos manda péssimas notícias, que rapidamente são ultrapassadas por outro terramoto que faz notícia pela violência e número de mortos. E vamos ficando insensíveis. É apenas mais um episódio na longa história dos desafios à resistência humana. Entretanto as vítimas vão ficando esquecidas, como no Haiti, onde a desgraça se prolonga até se tornar um hábito. Uma "normalidade". Ao fim ao cabo não foi connosco. Nunca é connosco. Até ao dia.
Nestes momentos revela-se o melhor e o pior de nós. Há uns anos, em plena época de incêndios, andei pelo país com uns bombeiros. No Gavião fiquei impressionado por chefes de bombeiros que choravam, um bombeiro que gritava a sua raiva porque ao mesmo tempo que tentava em vão salvar uma casa e era acusado de inépcia por uma turba impotente, ululante e em busca de um bode expiatório à mão, a sua própria casa era consumida pelas chamas. Horas depois apareciam negociantes de forragens e rações para "ajudar" a alimentar o gado que ficara sem pastagens. O preço por grama "oferecido" era semelhante ao do quilo de garoupa.
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