Em face do "reenquadramento" das expectativas e do desencadear de mecanismos adaptativos, o que será que se segue?
Segundo uns recuaremos para níveis de há quarenta anos atrás. Penso que não. Duas coisas acontecerão. Aqueles que perspectivam o mundo como um mar de injustiças desencadearão algumas formas de revolta e resistência. Outros, que acham que o futuro será sempre melhor, por definição e fé, tentarão inovar e encontrar novas soluções com as tecnologias "enabling" de hoje. Talvez, destas duas forças resulte uma tensão dialéctica positiva. Em certa medida as duas manifestações são positivas. E necessárias.
Por um lado Schumpeter tem razão quando afirma que em épocas de crise se processam ondas de destruição criativa, talvez não no sentido que os próceres da economia neo-clássica agora tomam de empréstimo o conceito à "escola austríaca", mas no sentido em que os seres humanos neste processo "irrealista" against all odds de tentar encontrar esperança mesmo no meio de um campo de concentração nazi, tentarão inventar saídas e algumas surgirão. Por outro lado as camadas de população esmagadas pela austeridade em contraponto com a exposição mediática da riqueza obscena de outros que regurgitam opulência até ao vómito podem, e devem, exigir uma nova redistribuição da riqueza. O avistamento quotidiano do "outro lado do 1%" que já não se pode mais esconder em condomínios privados porque o Google Earth nem isso permite, possivelmente causará mais "Indignados" mais "Occupy this and that", mais pórticos a arder. Torna-se insuportável tanto double bind. Tanto double standard.
Tanta hipocrisia. A bola está do lado dos vilipendiados e do 1%. É o jogo mais interactivo que existe. Não há árbitros e as regras vão sendo construídas à medida que se joga.
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2 comentários:
"as regras vão sendo construídas à medida que se joga." isso não é aquele jogo que o Calvin joga com o tigre?
Incrível Professor,
Que saudades daquelas noites, nas suas cadeiras.
1 abraço
Celso Marcelo
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