terça-feira, março 12, 2019

A psicologia é de esquerda ou de direita?

A Psicologia é de esquerda ou de direita?  

Vivemos tempos únicos. Comunistas defendem a constitucionalidade da eleição do Donald. Gente de direita muito patriótica revela animosidade para com os serviços secretos do próprio país.  Gente de esquerda manifesta-se armada do relatório da CIA para “provar” a ligação do Donald à Rússia. Gente de direita pretende acabar com a Nato. Gente de esquerda defende o euro.   Existe uma esquerda para a qual se da lista das 8 pessoas que detêm mais riqueza do que metade da população mundial, constassem 4 mulheres, 6 pessoas de cor, 2 transsexuais, 2 assexuados, 2 lésbicas , 2 gays e 7 muçulmanos o problema da desigualdade económica, aparentemente ou não se colocava, ou eram assunto de somenos.  Existe uma direita que pretende erguer muros em todo o lado acabando com o comércio livre, bandeira pela qual a direita soterrou o consenso social democrata do welfare state e impôs o consenso de Washington.  Existe um feminismo para o qual um homem muçulmano seguidor convicto da sharia possui um constrangimento cultural que o torna incomparavelmente superior a um misógino branco e eventualmente protestante. Existe uma direita que acha que proibir uma mulher de vestir um fato de banho é um acto de afirmação dos valores republicanos. Existe uma esquerda que acha que os homossexuais no Iraque devem aguentar-se à bronca e que as mulheres no Irão tem de ter paciência mas que aqui no ocidente é um escândalo que não existam quotas para intersexuais nos concelhos de administração das empresas cotadas na Fortune 500. Existe uma direita que acha que os valores universalistas que saíram do Iluminismo francês e escocês são uma falácia e que as teses do Duginismo[1] de que a cultura local se deve sobrepor às declarações universais de direitos e acabar com tribunais penais internacionais e possivelmente com todo o direito internacional. Existe uma esquerda que acha que os valores são universais mas que os povos libertados do jugo opressor do imperialismo podem aplicar as suas tradições mesmo quando estas se oponham aos valores da revolução francesa. Existe uma direita que desconfia das vacinas como conspiração das grandes multinacionais farmacêuticas para aos serviço da ordem secreta dos Iluminati controlar a população mundial e estabelecer a Nova Ordem Mundial que está a ser estabelecida desde o século XVII. Existe uma esquerda que desconfia das vacinas como conspiração das grandes multinacionais farmacêuticas para aos serviço da ordem secreta dos Iluminati controlar a população mundial e estabelecer a Nova Ordem Mundial que está a ser estabelecida desde o século XVII. Existe uma ciência económica direitista cada vez mais matematizada que rende previsões catastróficas para cada novo cenário político cada vez mais surrealista que o anterior. As previsões claro está são arrasadas pelas novas fronteiras do possível. Existe uma economia de esquerda que modeliza com elegância a criação de riqueza em ciclos virtuosos que lamentavelmente nunca são experienciados pela população do Feijó que se levanta por volta das seis da matina. Existe uma psicologia de esquerda que criou espaços seguros e trigger warnings em que ursinhos de peluche ajudam a criar um mundo em que ninguém sofre micro-agressões e todos vivem felizes num útero protector. Existe uma psicologia de direita que nos faz crer que se pensarmos sempre positivo a nossa vida se alcandorará a uma torre onde nos servirão leite e mel. Malfadadamente o comum dos mortais persiste em se aborrecer com o metro cheio e com menos carruagens e com o aumento do preço do gasóleo.



[1] Alexander Dugin cientista politico russo alegadamente um dos inspiradores da visão euro-asiática russófila que inspira o Putin e parte do que se denomina alt-right norte americana.

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