Parece que os portugueses mais notáveis, ou mais famosos, ou mais grandiloquentes, ou maiores, não agradam à grande maioria dos opinadores. E, em particular a de Salazar causa grande comoção. E, entusiasmo também. Já vi de tudo na justificações e lamentações para a figuração de Salazar e Cunhal entre os dez maiores.
O assunto, confesso, não vai além de um bocejo, mas ainda assim arrisco a mais um "contributo" para a justificação. Trata-se da "idealização" de um tempo estável, regular, ordeiro, monótono do ponto de vista matemático. O de Salazar e o de Cunhal. Tempo e espaço em equilíbrio hamiltoniano. Especialmente atractivas, as idealizações, em períodos em que a densidade da mudanças e a contemporaniedade da bagunça faz do presente uma coisa sem nexo e do futuro uma coisa alarmante, inexplicável, não entendível,e, sobretudo não controlável. Só que o presente sempre foi o que se nos afigura agora e o futuro sempre terá parecido o que agora parece. Portanto se a pergunta tivesse sido colocada há dez ou dois séculos atrás as respostas talvez reflectissem sempre o descontentamento com o presente a ansiedade com o futuro e o sobrevalorizar de algum ser mediocre mais recentemente apontado como autor da ordem e da segurança e da diminuição da ansiedade.
O fenómeno pode ser amplificado por séculos de ausência de gente com espinha e com vontade e nunca habituadas a decidir e a aguentar as incertezas e consequências das decisões. Mas sobre isto outros, tantos outros tem escrito já toneladas de coisas. E este escrito apenas junta mais alguma poeira a outros tantos.
Em todo o caso os semelhantes atraem-se, e a pequenez, a obediênciazinha, a ignorância, a insularidade e o paroquialismo, a paranóia e a ilusão de controlo sempre foram companhias excelentes e deram-se bem umas com as outras. Os escolhidos são óptima companhia para os que escolhem, a sessenta cêntimos mais IVA.
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1 comentário:
5*s!!!!!
Alexandra
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