segunda-feira, abril 30, 2007

sexta-feira, abril 27, 2007

O momento

À escala do tempo atómico, a pequena perturbação introduzida pelos recentes acontecimentos políticos não será registada por nenhum observador galáctico. Infelizmente, tratamos de assuntos menores e com figurantes de opereta numa companhia que já se arrasta penosamente por feiras de província. Não obstante, para aqueles mais motivados para assuntos de intendência, a coisa é séria. Mas, bem vistas as coisas, a sucessão será uma questão de zapping. Em breve, a estes pantomineiros seguir-se-ão outros de igual qualidade, e, a encenação será de novo facilitada pela fraca audiência cuja exigência é apenas que as pipocas estejam quentes.

O Dia de Todas as Excitações - O tribuno

É para dias como o de hoje que este blogue existe. Dias ímpares na tugalândia. Dias em que nos aproximamos do céu. Não o céu dos poetas, mas um proxy. O céu dos figurões. Alguém sentirá, ou está já a sentir, o inebriente caminhar nas nuvens. Elevado ao clube dos eleitos. Não pelo voto dos energúmenos mas pela escolha dos seus pares. Em circunstâncias destas, é sabido que a visão se torna em farsight, o ouvido médio passa a sintonizar música celestial. O cérebro sofre mutações e convulsões. O Ser cresce mesmo alguns centímetros. Relativizam-se as coisas espúrias. Estas alvas e castas figuras elevam-se acima do Monte Olimpo e revela-se-lhes em toda a sua beleza o segredo da vida politica. É a verdadeira ascensão ao grau trinta e oito do segredo dos pedreiros livres. Para nós que ficamos cá em baixo, a olhar o vazio e os, ocasionais, pontos brilhantes, quais estrelas cadentes, só nos resta tomar como nosso o êxtase alheio....na certeza que amanhã, ou quiçá depois de amanhã, uma vez que mais uma vez temos a hipótese de resgatar a nossa impotência numa vitória efémera de futebol, poderemos voltar ao quotidiano mais descolorido mas perene e certo. Menos excitante, mas conhecido, menos desafiante , mas para o qual já construimos variadíssimos mecanismos de defesa.


e não é que somos de novo favorecidos pela bondade do tribuno em perder tempo connosco?! Bem haja.

terça-feira, abril 24, 2007

Reposta a estabilidade

está quase reposta a normalidade certificada. O túnel abre ao público e aos veículos. O Portas voltou ao PP. O Pinto da Costa lançou um livro. O Isaltino não se demite. A Universidade (?!) Independente será substituida por outra sendo a primeira fechada num acto digno da proposição sublinhada pelo Watzlawick. Se cumple pero no se hace.

terça-feira, abril 17, 2007

de uma vez por todas

Ontem decorreu mais um debate sobre temas de importância crucial. Mais uma uma vez se apelou a que se resolvessem questões de uma vez por todas. Mais um exercício inútil de retórica, que nunca acabará nem de uma vez por todas...

sexta-feira, abril 13, 2007

Coito Interruptus

Uma das consequências do fenómeno Independente e diplomas sem livros de termos foi a questão da pressão a que alegadamente foram sujeitos os querubins, perdão, os directores de alguns meios de comunicação. Ficámos a saber que houve pressão mas não foram condicionados. Estamos mais tranquilos. Portanto o acto não foi levado até ao fim. Nenhum dos cidadãos corre o risco de emprenhar.

terça-feira, abril 10, 2007

O fio de prumo

O meu pai um dia, a propósito de um comentário meu, virou-se para mim e disse-me que eu nunca deveria alugar o meu cérebro a ideias de outros nem fazer trespasse da minha dignidade por dinheiro algum. Na altura, era eu estudante universitário, ficaram-me retidas as metáforas. E, claro está o sentido da coisa. Hoje, eu próprio começo a ser questionado pelos meus filhos, estando na altura de lhes começar a transmitir valores à medida que a atenção deles se desloca, por vezes...., do gameboy para o que acontece na sociedade à volta deles. Claro que já se falou do diploma mais famoso deste país. E claro está que eu recomendo vivamente que se esforcem e dignifiquem a sua vida com a progressão das suas aprendizagens. Claro está que não me mostro excessivamente entusiasmado quando me dizem que foram os melhores da turma, e digo sempre que a mim e à mãe basta que se tenham esforçado honesta e diligentemente. Os resultados acontecem com naturalidade como resultado do esforço e da honestidade, que não é preciso ser sempre o melhor em tudo nem em nada. Claro está que mais cedo ou mais tarde me podem perguntar se no final isso é assim tão importante e mesmo necessário. Claro está que nessa altura se calhar me posso lembrar doutra vez em que o meu pai me disse que apesar de ser perfeitamente possível viver como uma puta (e ele sempre se referia àqueles e àquelas que vendiam outras coisas que não a carne...) mas que no fim da vida quando olhamos para trás poderemos sentir vergonha ou orgulho ou alívio ou satisfação. Tudo dependia do que queriamos sentir quando estivessemos na vêspera do fim. Pode ser divertido ser capa de revista cor de rosa ou mesmo cor de merda mas deve ser fodido passar a vida a esconder os fantasmas no armário.

quinta-feira, abril 05, 2007

O lodaçal e a porcalhota

Nos últimos dias temos assistido a uma novela deveras hilariante. A intriga, a trama é excelente. Os personagens também são óptimos. E quase todos os dias há uma pequena variação que mantém a tensão e a possibilidade de surpresa e reviravolta.

Já mete dó a involuntária participação do senhor ministro da Ciência em figuração, que é de facto incómoda, no papel de ceguinho. Tem de conseguir um equilíbrio de trapezista. Não enterrar mais o chefe no lodaçal da coisa e tentar sair ileso da dita cuja. Quadrar círculos foi sempre coisa delicada. O chefe por enquanto reservado aparecerá no final como herdeiro da fortuna da tia Genoveva ou como detentor do genuíno coelho da cartola. Lugar maldito parece ser o de reitor. Finalmente terá sido ocupado por um cavalheiro doutorado embora ainda na semana passada. A lista de ex alunos da bendita universidade é notável. A lista de ex professores aparentemente também. Igualmente notável a lista de doutores da mula ruça que eventualmente terão, pelo menos, acabado o liceu mas que foram ou serão potenciais vice reitores quando não mesmo reitores da coisa.

No meio desta ópera bufa é bem possível que a audiência comece a suspeitar que a Universitas é afinal um local de comédia e de gajos cuja característica estatística mais saliente é que dão peidos e arrotos. Pelo menos assim parece. E não há maneira de alguém contrariar a flatulência...

Convinha manter o carnaval quotidiano mas, quiçá, evitar descer já para a porcalhota assim de modo tão abrupto.