segunda-feira, julho 22, 2013

A livraria

Com o fecho das livrarias há um mundo que desaparece. Um mundo de rituais. O não menor dos quais, para mim, era cheirar o livro antes de o comprar. Eram um mundo sem pressas. Com personagens. Como o Santos da Livraria Portugal. Um mundo de pouco barulho e que se saboreava e celebrava a palavra,  a densidade da personagem, a força telúrica de certas páginas em que se descrevia um pequeno quarto ou uma charneca exangue, a reviravolta desarmante na trama ...

Os tablets não me parece que substituam os livros, provavelmente não os farão desaparecer.
Mas o que temo realmente é que com a morte das livrarias se anuncie com pompa e circunstância a  doença crónica da falta de leitura ...  ou a sua substituição pela actividade de "passar os olhos" por essas "obras" que se compram para um voo  ou em promoções do Continente anunciadas pela Rebelo Pinto como oportunidades de adquirir o "último "livro" dela ou de outros grandes escritores..."... bailhamedeuze que me ocorreu logo um conceito mas não era associado à actividade da escrita...

E a prazo ... o colapso (que já se vislumbra) do pensamento ... o advento de um mundo de imbecis consumidores de verdades pré-fabricadas pré-embaladas que é só levar ao micro-ondas e que não impede o consumo simultâneo de notícias sobre quem é que aumentou as mamas ou quem é que vai animar as noites do Algarve... 

1 comentário:

Jp disse...

Tiro-lhe o chapéu! Excelente escrita, grande mensagem que transmite, não apenas neste, mas em todos os posts deste blog!