domingo, janeiro 07, 2007

Momentos

Há coisas que afloram quando há momentos de ruptura ou de fricção. Uma das coisas mais ou menos bizarras que vi discutidas é a questão da identificação das mulheres que decidam abortar no caso do sim vencer, no caso de o fazerem em hospitais públicos. Não entendi bem a coisa. Deveriam ser anónimos esses actos? Não registados? Como se não existissem? Ou o facto de serem registados implica imediatamente a publicação em Diário da República da identidade das mulheres que abortaram? Ou pior, a publicação da fotografia de corpo inteiro no 24 horas. Não entendi a "surpresa" dos defensores do sim...

É que eu não me recordo de ter visto publicado em lado nenhum a lista dos gajos que removeram testículos, ou que levaram com a dose cavalar de penicilina porque apanharam uma doença sexualmente transmissível, ou que foram assistidos na urgência deste ou daquele hospital com garrafas enfiadas em partes da anatomia que são um pouco estranhas, até aquela do avô que tinha o biberon do neto enfiado no cu... ou a lista dos gajos a quem foram removidas as amigdalas, ou a lista dos gajos operados às cataratas, ou a lista dos gajos submetidos a operações à visícula, ou a lista dos gajos que são bipolares (lista que por certo deixaria a malta com a boca francamente aberta...).... Parece que os médicos e os hospitais são mesmo obrigados a proteger este tipo de informação, não andando a semear aos quatro ventos este tipo de coisas....

Depois há a questão do financiamento. Os defensores do não avançaram com esta avenida. Os impostos de todos não deveriam servir para pagar os "caprichos" de algumas mulheres. Pode-se colocar a questão dos fumadores pagarem do próprio bolso a quimioterapia por tumores de pequenas células nos pulmões. Ou os tipos como eu que se descuidaram com as dislipidémias pagarem as cirurgias cardio-toráxicas e todos os exames que agora decorrem do controlo da coisa para o futuro. Ou os tipos que apanham sida por comportamentos de risco. Porque é que essa gente não pagam os tratamentos? E os toxicodependentes? Porque é que a sociedade em geral e os meus impostos em particular tem de pagar os tratamentos a essa gente? Bom, a senda dos argumentos demagógicos e mesmo argumentos filhos da puta não tem fim. Pode-se navegar essa água, cavalgar esse caminho sem problemas.

1 comentário:

Cristina disse...

botando a boca no trombone??....